“Os setores de uma cidade são até certo ponto decifráveis. Mas o significado particular de cada um deles não representa nada para nós, é como o segredo da vida privada em geral, quando tudo que possuímos são desprezíveis documentos.” - Guy Debord.
A palavra 'psicogeografia' foi muito divulgada nos anos 90 em Londres, mas o seu significado permanece desconhecido por muitos. Foi originada nos anos cinqüenta com o grupo revolucionário francês, originalmente conhecido como “Os Letristas”, e depois “Situacionistas”. Sua primeira aparição foi na 'Introdução a uma Crítica da Geografia Urbana',escrito em 1955 por Guy Debord, onde surge uma definição resumida: 'O estudo dos efeitos do ambiente geográfico, conscientemente organizado ou não, nas emoções e maneiras, comportamentos e modos de ação, procedimentos e condutas, ações e atos de indivíduos'. O local onde mais se encontra este tipo de trabalho é Londres, com o grupo ‘Associação Psicogeográfica de Londres’. Porém, existem associações pelo mundo inteiro, incluindo no Brasil, onde o único grupo conhecido atualmente é a ‘ Associação Psicogeográfica de Bauru’.
Hoje em dia, a psicogeografia é usada para descrever as idéias principais que a envolvem: o efeito dos subúrbios nos sentimentos e no comportamento e o meio onde ela se encontra; uma 'cartografia cognitiva', que seria a cidade em nossas mentes, com os lugares que têm um significado especial para nós e que pode ser chamada de 'história local.' Cada lugar tem suas próprias características que o tornam único, e esta idéia de ambientes diferentes é um dos conceitos centrais dentro da psicogeografia. As cidades são repletas de notáveis ‘microclimas psíquicos’, ou seja: alguns lugares nos dão a sensação de estarmos bem e seguros. Porém, outros lugares nos fazem sentir inseguros e receosos. Segundo a psicogeografia, de certo modo todos estes sentimentos podem ser mapeados.
Este efeito emocional que nós sentimos pode ser vivido tanto em um quarto quanto no meio de uma rua e pode ser uma questão de lidar ou com algo místico e sobrenatural ou com algo totalmente materialista.
‘A sensação do lugar é inseparável do significado do lugar’, e muitas vezes as cartografias pessoais têm seus próprios traços.
A Psicogeografia não está interessada em mapeamentos objetivos e comuns, mas, sim, nos mapas cognitivos que não são encontrados nas cidades. Alguns mapas cognitivos que surgiram são os mapas de Guy Debord, 'Discours sur les Passions d'amour' (1957) e 'Cidade Nua' (1957), e estes tornaram-se exemplos definitivos desta nova maneira de ver a cartografia.
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