sábado, 23 de maio de 2009

A Arquitetura de Resistência do Bijari e o Urbanismo Unitário da Internacional Situacionista


“Num processo inverso da arquitetura que constrói obras sólidas, criamos trabalhos efêmeros que se orientam pela ruptura de padrões solidificados dentro de cada indivíduo, permitindo a reflexão sobre os temas abordados.”

A Arquitetura de Resistência do Grupo paulistano Bijari, conta com intervenções e manifestações que ressaltam a qualidade singular do ambiente. Eles mesmos tratam a metrópole como um lugar excludente e, por isso, alguém que dorme na rua constrói seu próprio “veículo” para a formação de renda, coletando papéis e outros reciclados. As pessoas que ocupam prédios como o edifício Prestes Maia oferecem uma resistência a essa exclusão, e são essas minorias que recebem o apoio de grupos como o Bijari, que criam situações únicas que se repetem em alguns outros contextos, como a galinha solta tanto no Largo da Batata quanto em um shopping da Av. Faria Lima.
Essa situação nos permite observar a diferença que um mesmo elemento pode causar quando inserido em ambientes distintos, dando-nos a possibilidade de mapear as reações desses lugares. Em outro ato, espalharam cartazes e incentivaram uma ação onde as pessoas deveriam trajar camiseta laranja e levar um balão da mesma cor, que seria solto em um ato de protesto contra a “revitalização” do Largo da Batata, como vem acontecendo em outros lugares, em que são retirados moradores de rua e comércio ambulante, valorizando assim a região e, por conseqüência direta ou indireta, expulsando os moradores de baixa renda que lá se encontravam antes desse processo.

Esse processo recebe a denominação de GENTRIFICAÇÃO, que segundo consta em informações no site do próprio Bijari, é: “Processo de restauração e/ou melhoria de propriedade urbana deteriorada realizado pela classe média ou emergente geralmente resultando na remoção de população de baixa renda.”

Isso está relacionado ao Urbanismo Unitário proposto pelos Situacionistas quando pensamos pelo ponto de vista onde há a crítica ao urbanista que, com um projeto único, cria uma cidade que não atende a todos. Com ações como esta, os moradores que sofrem com essas ações e se manifestam contra elas deixam de ser meros espectadores e tornam-se atuantes na construção do ambiente onde vivem.

Essas ações podem ser tomadas como um princípio da psicogeografia, em que ela não é um fim e, sim, um meio para o Bijari mapear essas áreas excluídas da grande Metrópole. Até mesmo utiliza a ‘Deriva’, que se trata de um processo importante dentro da psicogeografia em uma ação urbana intitulada “Paisagem Zero – Gabinete Armário”, em que um armário circulava à deriva pelas ruas, imprimindo algumas coordenadas em vinil adesivo.

Pode-se considerar que através desses processos é que eles questionam o desenvolvimento urbano da cidade, cada vez mais excludente e, através dessas ações e manifestações, abrem essas questões aos mais afetados, proporcionando uma discussão e uma participação maior, visando uma metrópole para todos, onde cada um tenha direito ao seu lugar, e não separado por zonas ricas e de baixa renda, sofrendo o perigo de que por ações de uma minoria de classe média e emergentes, uma maioria de baixa renda acabe sendo deslocada para as periferias em nome de uma “revitalização” de um espaço que deveria ser de todos.

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